sábado, 22 de março de 2014

VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR

VALORIZAÇÃO E DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR

PUBLIQUEI EM MEU BLOG CIDADÃ SOBRE OS CUIDADOS QUE NECESSITAMOS TER PARA QUE NOSSOS GOVERNANTES NÃO LANCEM MÃO DE BOAS IDEIAS E BOAS AÇÕES PARA FINGIR QUE FAZ E NÃO FAZER OU MUDAR NADINHA, NADINHA E AINDA FAZER DE CONTA QUE ESTÃO EFETUANDO GRANDES AVANÇOS.


Queridos colegas professores.

Não faz muito tempo que assistíamos pela TV uma campanha onde um senhor gorducho saía da arquibancada de torcedor de futebol e caía no pátio de uma escola como treinador e instrutor de educação física. A campanha financiada por uma instituição financeira usava como símbolo o A de Arroba @ associando-o ao A de Amigo e era intitulada "@migos da Escola".

Na oportunidade escrevi criticando tal campanha pois a mesma aviltava o direito dos alunos de terem um professor de educação física devidamente formado capaz de prevenir e remediar quaisquer problemas emocionais ou físicos que os alunos viessem a experimentar durante as aulas de educação física. Ela também minimizava o dever constitucional do governo de oferecer ensino técnico de qualidade a seus alunos além de DESVALORIZAR E DEPRECIAR a formação acadêmica dos educadores.

Agora, o Banco Mundial nos desafia com novas metas e o governo tende a cumpri-las lançando mão mais uma vez da institucionalização do trabalho voluntário.

Como voluntária da educação há mais de 40 anos fico possessa com estas atitudes pois elas desmoralizam o voluntariado, a educação, o professor e os alunos.

Fiquemos atentos e unidos para não permitirmos que tais ações nobres e merecedoras de exaltação sejam instituídas para desvalorizar mais ainda o pequeno  saldo salarial que os políticos designam para nós educadores.

A semana passada estando em São Paulo em equipamento da rede municipal escutei uma funcionária de carreira, com seu garantido cargo concursado e acréscimos salariais de cargo de confiança vangloriar-se de conhecer uma determinada pessoa de excelente formação acadêmica e destacado trabalho no cenário nacional, e que esta por ser sua amiga havia prometido que iria ofertar um módulo gratuito na formação continuada a ser oferecida (por força de lei e obrigatoriedade de ônus para os órgãos públicos) aos professores da referida rede.

Lembrei-me do artigo da lei que coloca como VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR e item para gastar os 60% das verbas educacionais com atos de valorização do professor: oferecer e permitir formação continuada ao corpo docente.

Para que você compreenda sobre o que estou pensando vou lhe escrever como acredito que o governo, tanto no âmbito municipal, como estadual ou federal cumprem o artigo 67.
Vou usar a cor amarela para copiar os termos da lei e a verde para escrever minha opinião e interpretação pessoal.

Valorização do professor – artigo 67
A Lei do Fundeb nº 11494/2007 reconhece aplicação de, no mínimo, 60% do Fundo para salário e valorização profissional e considera em seus itens V e VI os investimentos em formação continuada, consultorias e estrutura física como condições adequadas de trabalho, possibilitando utilizar para estes investimentos a maior parte dos 60% que poderia ser mais amplamente investido em salários e benefícios financeiros aos professores.
 *Valorização profissional:
“Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: O governo contrata consultorias milionárias, em sua maioria, com prática e experiência administrativa de serviços educacionais para a rede particular, com o objetivo de criar um plano de carreira para seus professores.

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;O governo contrata as mesmas ou outras consultorias milionárias para elaborar as provas,os editais, a fiscalização no momento da aplicação das provas, a correção das mesmas para que o concurso público seja realizado com lisura, transparência e legalidade, constituindo uma fonte de DESPERDÍCIOS de recursos públicos e de FONTE DE RENDA a amigos dos reis que são proprietários de tais consultorias. 

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; Mais uma vez entra em cena as consultorias com suas palestras, venda de materiais didáticos, importação de projetos de formação continuada. Para verificação desta realidade basta constatar os registros das intermináveis reuniões com representantes de tais consultorias que se encontram nas ante-salas das instituições governamentais que administram nossos equipamentos educacionais.
  Licenciamento periódico remunerado? O que vejo é a seguinte prática: 
1-suspender aulas dos alunos para os professores psrticiparem de formação continuada.
2-oferecer formação continuada com descontinuação dos temas que variam de acordo com avontade dos dirigentes.
3- oferecer conteúdos na formação continuada sem prévia consulta aos professores que se encontram no chão da escola. 
4- despejar "goela abaixo" conteúdos considerados de suma importância pela direção  da instituição forçando muitas vezes os profissionais a escutarem infindáveis discursos e ao final deste ouvirem: "NOSSO PRÓXIMO DIÁLOGO SERÁ DIA TAL ÀS TANTAS HORAS!" 
5-6-7- Vou parar por aqui e deixar espaço que você professor avalie as formações continuadas que estão sendo fornecidas a você e seus colegas. 

III - piso salarial profissional; pequenininho assim oh! Em algumas situações nem sequer similar ao das empregadas domésticas que têm como piso salarial em janeiro de 2014: 
São Paulo= R$ 810,00; Paraná= R$ 914,82  ; Santa Catarina=R$ 835,00 ; Rio de janeiro R$ 874,75; e continue pesquisando na internet no link http://www.domesticalegal.com.br/conteudo/utilidades/salario-minimo-rio-de-janeiro-rj.aspx.  Até esta classe que embora nobre trabalhadora, não requer tanta especialização como a classe do educador, conseguiu ganhar acima do salário mínimo, conquista que ainda não há para a maioria do professorado brasileiro.

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; Titulação e habilitação todos havemos de concordar que enriquecemos com dinheiro público e suados recursos de nossos profissionais as instituições que vendem em "suaves prestações mensais" com encontros de 4 horas/aula mensais ou menos os certificados de pós-graduação, especializações e similares na proporção limitadora de um por profissional uma vez, que na maioria dos PLANOS DE CARREIRA, é considerado apenas uma certificação de cada tipo de nível de especialização.
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, tenho certeza de que os professores têm muito a falar sobre esta avaliação de desempenho que se baseia nas provas externas aplicadas nos alunos e ou na instituição e não no real trabalho dos professores. Sendo assim não é negócio receber alunos com dificuldades pois cairá o "desempenho" do professor. 
Isto na melhor das hipóteses pois há muitas prefeituras onde a avaliação de desempenho passa por um questionário a ser também, respondido pela estância superior, na maioria das vezes representada não por um conselho, mas sim por uma única pessoa que privilegia seus cúmplices e castiga os que pertencem a partidos políticos da oposição. 

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; Sim, ganhamos módulo remunerado e na maioria das escolas tais módulos semanais têm que ser cumpridos, dentro do estabelecimento escolar, entre os intervalos de descanso, entrada ou saída, e ainda por cima serem utilizados para atender reforço de aluno, atendimento a pais e reuniões de conselho, correções das provas que nada provam e ... aff um monte de obrigações que acabam escravisando o profesor e lhe tirando o prazer de exercer sua função. 

VI - condições adequadas de trabalho.Aqui  dinheiro pode ser aplicado de toda e qualquer justificativa. Podemos citar o exemplo da Escola de São Luiz do Azeitão que obteve o menor IBEP brasileiro. Fui visitá-la e a diretora mostrou-me toda feliz os ares condicionados que ganharam nas salas recém pintadas mobiliadas com móveis plástico de última geração e outras regalias ambientais que, segundo o artigo 67, valorizam o professor. 
A diretora contou-me que os alunos foram reprovados porque a cidade era muito pequena para ter suas provas próprias e todos da cercania se reuniram em uma cidade vizinha. Nesta cidade houve  do primeiro para o segundo dia de provas pagodes e festas até a madrugada e no outro dia os alunos não levantaram para executarem as provas ficando com falta e zero. 
Uma mãe na padaria me contou que sua filha ficou o ano todo sem professor de química, português e biologia. 
Fiquei pensando: Nem sequer para justificar o fracasso ou sucesso dos alunos o papel do professor é valorizado. Se não houvesse o pagode com certeza os alunos teriam ido bem na prova?

Então por este artigo o governo pode retirar dos 60% de valorização do professor, dinheiro para: 
comprar lousa digital,
comprar tabletes,
comprar ar condicionado,
pagar consultorias para elaborar as provas externas avaliativas...
Pois todos os itens citados são para melhoria das condições adequadas ao trabalho.
E VAMOS QUE VAMOS TRABAHANDO!   

Gosto muito do indicativo 13 de qualidade do III MANIFESTO PELA EDUCAÇÃO QUE DIZ: 
RECONHECIMENTO PÚBLICO AOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO TRADUZIDO TAMBÉM EM SALÁRIOS DIGNOS. QUE SEUS SALÁRIOS ESTEJAM À ALTURA DE SUA IMPORTÂNCIA SOCIAL, ENCONTRANDO-SE ENTRE OS MAIS ALTOS DO SERVIÇO PÚBLICO. 

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