sábado, 4 de junho de 2011

NOTA DEZ PARA PROFESSORES QUE PRIORIZAM O BRINCAR

Publicado no portal UIPI na coluna PROFESSOR NOTA DEZ/ZERO



No dia 31 de maio de 2011, pela manhã, tive a grata satisfação de compartilhar da alegria de minha amiga Fabiana Gomide ao descerrar a placa comemorativa da premiação do "Selo Aqui se Brinca".

O Centro Educacional Renascer da Criança, localizado à Rua Soldado Thays Mara Ribeiro,60, Bairro Maria Rezende na periferia de Uberlândia, foi, em um universo de mais de 4 mil escolas brasileiras inscritas, uma das 18 instituições selecionada e escolhida para ser premiada com o “Selo Aqui se Brinca” na categoria BOAS PRÁTICAS DO BRINCAR.

A premiação faz parte da 3ª edição do Programa Pelo Direito de Ser Criança, realizado pela marca OMO, da Unilever, com o apoio do Instituto Sidarta e aconteceu no dia 20/04/2011, na Estação das Artes na Sala São Paulo (SP).
Com a animação da BANDA MUNICIPAL as crianças, familiares, educadores, amigos, autoridades civis e eclesiásticas estiveram abrilhantando o descerramento da placa comemorativa.

Foi um momento de muita emoção e significância na vida desta educadora, dedicada e competente, que proporciona á comunidade do Neusa Rezende um espaço de qualidade educacional, relacional e emocional onde a família encontra aconchego para seus filhos exercerem o direito de brincar e ser criança.
É uma lástima que em nosso país o sistema escolar de apenas meio período exija que, ao fazer 5 anos a criança diminua seu tempo de brincar e passe a ficar apenas sentada em uma cadeira por longas 4 horas enquanto copia de um quadro vertical e escuta as explicações de seus professores.
Começa aí grandes traumas educacionais que alimentam o sistema exclusivo educacional vigente em nossa sociedade que tem como resultado uma vergonhosa taxa de permanência do brasileiro na escola por um ínfimo tempo entre 6 e 9 anos.
Fico impressionada ao perceber que apesar de todos os estudos feitos e comprovados ao longo do século XX, a escola continua engessando nossas e nivelando-as em uma escandalosa, aceitável e comemorada, pelos políticos e educadores, média de 4-5 IDEP (Indíce de desenvolvimento da Educação Pública)  
Neste aspecto podemos comparar nosso sistema educacional à moda dos chineses antigos que forçavam os pezinhos de suas crianças a permanecerem pequenos, acreditando ser a única maneira de transformá-las em elegantes mulheres.



Fico feliz ao saber que uma entidade não governamental, bem pequena, situada na periferia, ainda sem sede própria, trabalha com crianças respeitando sua natureza, sua individualidade, seu tempo e ainda estimula seu fazer-aprender-brincando.
Isto denota que ainda temos futuro, que ainda é possível fazer práticas educacionais com tão poucos recursos financeiros.
A premiação desta escola uberlandense é um expressivo marco em nosso sistema educacional que prioriza a quantidade no lugar da qualidade, que para atender mais crianças, no lugar de criar mais espaços educacionais reduz o tempo de nossas crianças na escola.

Parabéns Fabiana Gomide!
Parabéns educadores da creche Centro Educacional Renascer da Criança!
Parabéns à equipe da Cenário Assessoria Educacional!











DISLEXIA E OS 4 P’S DA EDUCAÇÃO

Artigo publicado na coluna educação do portal UIPI

A educadora Ely Paschoalick escreve sobre uma consulta que recebeu de um professor de matemática e física pedindo uma explicação prática do uso da metodologia dos 4 P’s da Educação com um aluno portador de dislexia que apresenta também problemas de comportamento.
Quero transcrever a resposta que dei ao físico e matemático que me escreveu, na tentativa de abranger outros professores, alunos e pais que me lêem.
Caro professor,
A maioria dos problemas disciplinares é relacional e, portanto se resolvem fora da sala de aula de preferência em momentos anteriores ao da aula.
Assim sendo dê um jeitinho de se encontrar com seus alunos no portão da escola, nos corredores e se possível até próximo a suas moradias e inicie uma amizade onde eles entendam  que na sala de aula, exige-se regras para o bem do sucesso do aluno na matemática e que o professor é uma pessoa legal que deseja este sucesso aos alunos.
Esta mensagem é passada muito mais com postura e tom de voz do que com palavras. Sendo assim, tenha um tom de voz amistoso e alegre ao cumprimentá-los e se interessar por sua vida social nos corredores da escola, no portão e nos arredores e um tom de voz firme e direto, olhando nos olhos ao pedir atenção em sua aula.
Agora quero falar sobre seu aluno dislexo.
Faça uma boa pesquisa na internet sobre dislexia. "Sopa de letrinhas". 
Segundo o site www.dislexia.com.br:  “Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente...”
Marque um encontro com seu aluno, de preferência em uma mesa de lanchonete ou padaria, ou mesmo na biblioteca da escola (evite salas de diretoria, de professores ou outros locais onde são chamados alunos com problemas ou indiciplinados) e explique a ele o que é a dislexia. Pergunte se ele sabe porque ele troca letras, pergunte se ele já ouviu falar em dislexia e se ele sabe citar o nome de alguns dislexos.
Depois que conhecer as informações que ele já possui sobre dislexia, mesmo que ele saiba tudo e até tenha atendimento com fonoaudióloga ou psicopedagoga, explique para ele que a dislexia é hereditária, que geralmente acompanha uma inteligência acima da média e que Tom Cruz, Leonardo Da Vince, Walter Disney, Albert Einstein são exemplos de dislexos famosos mundialmente como pessoas de muito sucesso em suas profissões.

Explique também que o campo prejudicado pela dislexia não é o da inteligência e muito menos o do raciocínio lógico e sim o mecanismo de transição ocular (caminhar ou correr dos olhos ao ler e na mudança de foco de uma sílaba à seguinte), o que faz com que a palavra passe a ser percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado e sobreposto. Sensação que dificultava a discriminação visual das letras que formam a palavra escrita. Como bem figura uma educadora e especialista alemã, "... É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos do disléxico".
Por isso a confusão no campo da orientação do que vem à esquerda e à direita o que pode ocasionar a troca de letras e números ao transcrever de uma lousa para um caderno ou mesmo de uma linha para outra do caderno.
Por exemplo,  escrever 654, 546 ou 645 quando desejava era escrever 564. Ou seja, troca a posição dos números.
Explique a diferença entre matemática e aritmética e diga que o dislexo costuma ser excelente em matemática e sofrível em aritmética.
Exalte e parabenize pelo esforço que ele fez para chegar até esta série com estas dificuldades que a maioria dos dislexos abandona os estudos e se sente burro para os estudos acadêmicos e formais da escola.
No entanto se tornam grandes comerciantes e resolucionadores de problemas (matemática)  utilizando máquinas ou funcionários para as contas (aritmética).
Cite como exemplo as dificuldades que os dislexos têm no quarto ano do Ensino Fundamental (terceira série) quando começam as expresões aritméticas de mudar de linha e copiar sinais e as frações e decimais de mexer com a vírgula. O mesmo se repete no sexto ano (quinta série) e o quanto ele, seu aluno de física, foi e é vitorioso por conseguir vencer isto e que ele vai continuar vencendo.
Sempre exaltando seus esforços e inteligência converse com ele que, por enquanto, dislexia não tem cura e que a única coisa que se tem a fazer é compreender suas trocas de letras e de números e ficar SEMPRE ALERTA.
No entanto jogos de sete erros, caça-palavras, palavras cruzadas, são atividades que auxiliam o dislexo a prestar atenção visual e assim conseguir melhor desempenho na verificação de suas produções escritas e numéricas.
Informe a ele que por lei o dislexo tem direito a provas separadas em lugar sossegado e direito a não ser penalisado nos erros por dislexia.
Informe a ele que você, como professor de matemática e física, vai auxiliá-lo desde que ele se demonstre empenhado em fazer as atividades de busca de sete erros e caça palavras.
Pergunte se ele quer sua ajuda, feche um contrato de colaboração com ele, dando as mãos e lhe presenteie com um almanaque de jogos de sete erros e caça palavras e marque páginas para cada dia e um novo encontro daí à 10 atividades feitas.
Depois me escreva contando como foi sua pesquisa sobre dislexia e este encontro com seu aluno dislexo.
Em relação aos 4 Ps da educação quando você passou informações para seu aluno sobre o que é dislexia e como agir frente a dislexia e como melhorar a atenção e concentração você praticou o primeiro P que é o da PROTEÇÃO.
Você não superprotegeu porque não está consolando e sim fazendo uma proposta de mudanças e progressos e também não abandonou porque não está excluindo. A superproteção (fazer ´pelo outro o que ele é capaz) e a desproteção ou abandono (deixar para lá ou fazer de conta que não viu) são os dois limites da proteção verdadeira que é passar informações e estar junto para que o aluno vença dificuldades.
Quando você fecha um contrato de atividades extras como busca de sete erros e caça palavras para auxiliar o quadro de dislexia você está praticando o quarto P que é a PUNIÇÃO através de contratos. É ruim tarefas extras, sim. Mas você o motivou e o enlaçou em um contrato de responsabilidade sobre tais tarefas. Com prazo e quantidade de atividades.
Quando você exalta a sua inteligência e a sua capacidade de, apesar de sua limitação hereditária - a qual ele não tem culpa e nem controle - ele venceu e foi capaz de chegar na série que está, e superar as dificuldades de aritmética continuando a ser e se sentir inteligente, você está praticando o terceiro P que é a POTENCIA. Ser forte o bastante para provocar mudanças comportamentais e interromper o erro mas deixar o aluno sentir-se forte e potente para enfrentar e vencer desafios.
Quando você fecha um contrato, dá uma tarefa para ele, expressa que ele é capaz e que você está investindo seu tempo nele porque crê em sua capacidade e consegue que ele se permita desafiar-se para vencer dificuldades voce está praticando o segundo P que é a PERMISSÃO.
Você está dando permissão interna para seu aluno sair do mundo de lama em que se sente atolado e entrar na normalidade e produtividade.
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Saiba melhor quem é Elypaschoalick lendo aqui.

Justiça Condena Pais de Alunos Que Xingaram a Diretora

Este artigo foi publicado na coluna UIPI-educação

Elypaschoalick comenta sobre a inusitada decisão judicial de condenar pais de alunos a indenizar diretora escolar.

RIO DE JANEIRO - Um grupo de pais de alunos e ex-alunos do Colégio da Providência em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, foi condenado a indenizar a educadora Maria Margarete Gomes, por danos morais, no valor de R$ 18 mil. Os alunos criaram uma página em uma rede social, na internet, para ofender Maria.
Maria Margarete, conhecida como Irmã Margarete, na época diretora da instituição, descobriu que um grupo de alunos criou uma comunidade no site de relacionamento Orkut, denominada "Eu odeio a irmã Margarete", em que eram publicados xingamentos e ofensas contra ela.
Segundo os pais, a ex-diretora causava constrangimentos aos alunos, e esse seria o motivo que os teria levado a criarem a página para desabafar os anos de repressão. Eles alegaram ainda que os filhos não possuíam experiência de vida o suficiente, na época, e que apenas queriam estar na moda.
Para o desembargador Cléber Ghelfenstein, da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, a internet é um espaço de liberdade, o que não significa que seja um território sem lei, sendo cada pessoa responsabilizada pelo que publicar.
Redação Uipi!

Lendo a notícia acima no portal da UIPI fico pensando o que está acontecendo com as instituições escolares que delegam para autoridades, extra-complexo escolar, o julgamento de questões que muito bem poderiam ser resolvidas dentro dos muros escolares.
Lembro-me de meu tempo de adolescente, década de 60, onde nos organizavamos para fazer abaixos assinados e outras reivindicações e minha escola, em conjunto com meus pais, nos orientava como lutar democraticamente por nossos direitos e desejos.
Muitas conquistas obtivemos entre elas: aula de natação no mesmo horário do sexo oposto, mulheres participarem da fanfarra, troca de professora de português...  
Bons tempos que a ditadura interompeu.
Mas, aqui quero analisar um pouco as atitudes dos pais.
Vemos na notícia uma atitude superprotetora dos pais que “minimizam” as ações de seus filhos em nome de um “suposto” direito de defesa quando declaram: “a ex-diretora causava constrangimentos aos alunos”. Oras, então viva Maquiavel que defende a filosofia dos fins justificarem os meios! Viva a filosofia “olho por olho, dentre por dente”.
Considero a minimização que os pais fazem a comportamentos errados de seus filhos o início de muitos distúrbios comportamentais.
Outras duas atitudes superprotetoras dos pais, que estão descritas na notícia, são alegar que os meninos eram imaturos e também “apenas” desejavam estar na moda.
Se tais pais, no lugar de minimizar o problema tivessem aproveitado a oportunidade para explicar a seus filhos que toda ação gera uma reação e que as pessoas que reagem necessitam saber que a reação tem consequências, com certeza seus filhos não estariam pagando indenizações.
Mas quase que bato uma aposta que neste momento os pais estão é estudando com famosos advogados como reverter a sentença do juiz e passar a mão nas inocentes cabecinhas de seus filhos.
Outra lição que os pais podem ensinar aos filhos é que eles podem perfeitamente não seguirem o refrão da canção: “Aonde a vaca vai o boi vai atrás” pois fazer “apenas” para ficar na moda é ser “Maria vai com as outras” e cada um de nós devemos ter personalidade própria.
Quantas lições podemos ensinar a nossos filhos.
Ei, você aí! Se você ainda não está condenado a pagar indenização por algo que seu filho fez aproveite esta notícia para conversar com seus filhos sobre o assunto.
No blog www.comoeducarosfilhos.blogspot.com escrevo uma série de artigos sobre superproteção.

O grande problema do superprotetor é que geralmente o pai não tem consciência de que age de tal maneira. Pensando nisto fiz um teste onde você poderá se avaliar entre os limites da proteção e da superproteção.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Nota zero para professores que colocam alunos para fora da sala de aula

Este artigo foi publicado no site: www.uipi-coluna-notazero/notadez e no blog

Elypaschoalick condena a prática disciplinar de colocar alunos para fora da sala e dá nota zero aos professores que assim agem.

Sempre em minhas palestras alerto os profissionais da educação o quanto é exclusiva a prática de colocar aluno para fora da sala de aula por problemas de comportamento.
Vários são os motivos para condenar esta prática e vou listar alguns deles abaixo:
1: Não resolve o problema do aluno.
2: O aluno se revolta e não se propõe a mudanças comportamentais.
3: Afasta emocionalmente o aluno do professor.
4: Aproxima dos colegas o aluno vítima evidenciando o mau comportamento como algo merecedor de admiração.
5: Quase sempre é um ato de injustiça pois o professor acaba praticando-o quando sua tolerância foi ao limite. Porisso que gera sempre um aluno dizendo uma destas frases:
     “Não fui só eu!”; “O professor pegou no meu pé!”; “Isto é perseguição pois todo mundo estava do mesmo jeito e ele só botou eu para fora”.  
Colocar alunos para fora da sala de aula é andar na contra-mão da inclusão escolar.
Você pode estar perguntando: mas se não surte efeito porque é tão utilizada?
A resposta é simples: A tecnica oferece uma sensação de poder e alívio ao professor que pensa estar resolvendo o problema do aluno mas na verdade está apenas dando uma tregua para o seu próprio problema de inabilidade como professor.
NOTA ZERO para professores que colocam alunos para fora da sala de aula.
NOTA ZERO para escolas que permitem esta prática.