quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PROFESSOR GOOGLE – O que resta para a Escola ensinar?


Este artigo foi publicado na coluna educação do MEGAMINAS.

Elypaschoalick chama a atenção para as prioridades que a escola precisa considerar neste início do século XXI.



Sabe o que aprendi no Google hoje?

 Enfiar linha na agulha. Até aprendi que o ferrinho fininho que acompanha os agulheiros chama-se “enfiador” e o buraco da agulha chama-se “vão”.


 Afinal, aos meus 60 anos, minha visão já não é mais tão boa. Procurei o “professor Google” e ele me ensinou como usar o enfiador.  

Com o “teacher Google” aprendi também algo mais sofisticado: Por que jogam sal na neve para derretê-la e jogam sal no congelador para não pedrar os refrigerantes e gelar mais depressa?


Achei um site em inglês com uma animação interativa do efeito do sal nas moléculas de água. 

Assim, pude experienciar como era a reação da água ao sal nas temperaturas que eu colocava, indo de 10 graus positivos a 40 graus abaixo de zero em segundos. 

Entendi uma das complexas propriedades coligativas da química.

E o que é melhor, meu “professor Google” traduzia simultaneamente e com perfeição. 

Depois desta experiência, deu para prever que a carreira dos professores “conteudistas” está por um fio... 

Assim como também dão seus últimos suspiros as escolas que apenas se preocupam em transmitir o conteúdo e preparar alunos para o vestibular.

O que URGE para a escola como prioridade?

Ensinar o aluno a pensar, a escolher, a pesquisar. 
Jaques Delors autor dos 4 pilares da Educação para o século XXI:
Ser - Conviver - Fazer -  Aprender

Mas, como desenvolver o espírito de pesquisa, se adotamos um só livro didático ou uma apostila?

A solução existe há mais de cem anos e foi proposta pelos educadores do Movimento que aconteceu na transição do século XIX para o XX, conhecido por “escola nova”, “escola ativa” ou “escola progressiva”.

Inspirado neles, Bernie Dodge, professor da universidade estadual da Califórnia, EUA, criou em 1995 uma proposta metodológica para usar a internet de maneira investigativa e criativa: webquest.

Bernie Dodge

Viva teacher google! 

Agora basta os professores ensinarem a ser, conviver, ler, interpretar, escrever e ... se auto comandar.

Mas para isto, a solução também existe há anos e podemos citar três exemplos:


 1-Casa Dei Bambini – 1907 – Doutora Maria Montessori.



 2- Summerhill - 1921 - educador Alexander Sutherland Neill
 

3- Escola da Ponte – 1976 – Prof. José Pacheco, 
principal impulsionador e animador do projeto Fazer a Ponte.

Os três SISTEMAS EDUCACIONAIS citados acima tiveram como matéria prima alunos desajustados, problemáticos, agressivos, desorganizados, que não gostavam de estudar.

Todos eles também contemplaram com sucesso o resgate do prazer de aprender e a inclusão de seus alunos como cidadãos participativos.

Viva teacher google!

Uma boa notícia: HÁ SOLUÇÃO!

Uma má notícia: NÃO SE PRATICA A SOLUÇÃO.

Uma notícia pior: A MAIORIA ANDA NA CONTRA MÃO DA SOLUÇÃO.

NOTA FINAL: Terminei de escrever este artigo e me deu um arrepio na espinha ao pensar na forma como estão experimentando o ensino em tempo integral no estado de Minas Gerais: 

Em um período, fazem “tudo igual” ao tradicional e oficial meio período, e no outro, oferecem aos alunos uma porção de atividades fracionadas e intercaladas pela famigerada lição de casa, realizada pelos alunos enfileirados, sem se comunicarem, sob o vigilante olhar de um professor.

Ai! Ai! Ai! Estamos começando uma das bases para uma real reforma educacional – PERÍODO INTEGRAL NA ESCOLA – de uma maneira inadequada, que tem até a roupagem de um castigo para os alunos.

Mas esta é uma outra história que fica para uma outra vez...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Universidade também tem professor nota ZERO

Este artigo foi publicado no portal uipi e no blog http://www.professornotazero.blogspot.com/
Outro dia escrevi um artigo sobre o ENEM recordando que quando criança ganhara um concurso literário com uma poesia composta de duas linhas e quatorze palavras.
Este fato estimulou uma leitora a enviar-me um e-mail relatando uma experiência sua com uma professora nota zero na Universidade Federal de Uberlândia – UFU –
Conta-me, a leitora, que uma determinada professora solicitou, para fins avaliativos, que cada aluno individualmente apresentasse cenicamente uma poesia para os colegas.   
Chegando sua vez, a aluna teatralizou um poema de Carlos Drumond de Andrade composto de três linhas e oito palavras, incluindo-se entre elas dois artigos definidos e uma conjunção:

COTA ZERO
STOP
A VIDA PAROU...
OU FOI O AUTOMÓVEL?
A professora raivosa, tomou a atitude como uma afronta pessoal e “aos gritos” deu o prazo de 7 dias para a aluna apresentar outro texto.
Talvez para ela Drumond não era poeta...ou “Cota Zero” não era peça literária...ou na verdade ela desejaria era que os alunos memorizassem infindáveis estribilhos...
Não sei o motivo, todos acima são conjunturas, pois a mim eles não foram relatados. Apenas a aluna contou que a professora marcou dia e hora para a última chance da universitária.
Chegada a hora da derradeira audição a aluna repetiu Drumond e a professora reage de uma forma inusitada:
“Ela me agarrou pelos braços e foi me arrastando pelo corredor da faculdade dizendo que me levaria para a coordenadora do curso pelo afronto à pessoa dela.
Até que eu caí na real e dei-lhe um solavanco dizendo para ela sim, me respeitar e respeitar o que Drumond escreveu. Disse-lhe também que eu não poderia pagar pelo que Drumond escrevera. Que ela, como professora, poderia me avaliar com nota baixa, mas jamais dizer que não cumpri o proposto ou que não obedecera o critério imposto uma vez que o mesmo fora o de teatralizar um poema”.
Os argumentos da universitária serviram apenas para livrá-la da sala da coordenação, pois ao ter sua nota publicada verificou que recebera um zero. Como tal nota não prejudicava a aprovação da aluna no curso, esta resolveu deixar para lá.  

No entanto hoje aqui nesta coluna registramos a nota zero a esta professora universitária.
NOTA ZERO por ser uma professora que não definiu previamente os critérios de exigências na apresentação de um trabalho.
NOTA ZERO por ter usado de sua força autoritária sobre a aluna.
NOTA ZERO por ter levado uma relação profissional para o pessoal-emotivo.
NOTA ZERO por desprezar a criatividade da aluna e de Drumond.
Você consegue imaginar um diálogo entre esta professora NOTA ZERO e Drumond?
Imagine ela sentada neste banco ao lado do poetinha que quebrou paradigmas.



Fale comigo pelo: elypaschoalick@gmail.com