sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Respondendo a uma professora sobre inclusão – Educação Inclusiva -

Este artigo foi publicado na coluna educação do portal da SBT: www.uipi.com.br

Recebi de um internauta a seguinte mensagem:

Encontrei seus artigos e os li, gostei muito de todos, sou professora da Educação Infantil grupo 5 anos de uma escola particular onde moro, na minha sala tenho um aluno autista, um aluno que não obedece regras e um aluno com dificuldades na escrita ele é muito perseverante, demora a fazer as atividades, mas consegue fazer do jeito dele. Peço a você que me oriente como ensinar a esses alunos. 
Desde já lhe agradeço pela atenção.
Abraços!!!



Obrigada por me escrever.

A sua demanda é grande e vou necessitar de muitos artigos para respondê-la, mas quero agradecer a fonte inspiradora que foi seu e-mail e respondê-lo em partes.

Cada vez que publicar uma das partes vou enviar uma mensagem para você ler e me responder qual foi o impacto desta resposta em sua prática escolar.

Em primeiro lugar quero parabenizar você pela preocupação do progresso e aprendizado de seus alunos pois o que devemos evitar é a inserção no lugar da inclusão.

Quando falo em evitar a inserção é necessário diferenciarmos os dois termos:

Considero a inserção o ato de matricular e permitir que o aluno conviva em um mesmo ambiente que os “ditos normais”. Embora o dicionário defina inserção como o fato de provocar uma “aderência íntima entre uma parte e a outra de um corpo”, o que mais vemos é o simples cumprimento da lei de não negar matrícula apessoas com deficiências (Artigo 208 da Constituição Federal). Isto só não basta.


 Incluir é muito mais do que fazer parte, do que matricular, do que implantar, introduzir.

Costumo dizer em treinamentos para professores onde tratamos da educação inclusiva que 

“O aluno estará incluso em sua comunidade escolar quando apresenta constantemente progressos cognitivos e progressos na construção de sua auto-imagem positiva; demonstrando que está desenvolvendo a confiança em si mesmo, se relacionando, tomando consciência de seu ser, construindo sua cidadania e conquistando sua autonomia.”


Seu relacionamento social deve ser feito de forma positiva com todos da comunidade seja criança ou adulto.
Para exemplificar outro dia fui visitar uma escola inclusiva em minha cidade e perguntei separadamente a cinco alunos o que eles achavam da aluna sicrana. (Uma aluna em processo de inclusão). Todos responderam de maneira tal que resumo descrevendo que a mesma era chata, barulhenta, atrapalhava a sala, tomava muito tempo da tia e derrubava suas coisas toda hora no chão, atrapalhando o andamento da aula.




Pergunto como andará a formação da auto-estima positiva desta aluna em inclusão se ela é rejeitada, criticada e tolerada por imposição? Com certeza não é a melhor.

O que faltou? Cuidados do professor em trabalhar o processo de inclusão com os outros alunos. A sala precisa entender e compreender as dificuldades do aluno. Uma brincadeira onde os outros alunos podem vivenciar por momentos, em alguma atividade, as dificuldades do colega; uma demonstração graduada dos pequenos progressos conquistados por aquele aluno; um comitê de ajuda formado pelos colegas; um sistema de auto-avaliação particularizado; estudos, feitos pela classe da síndrome do aluno, são pequenos recursos do dia a dia que auxiliam a inclusão.
Muitas pessoas acham que incluir é tratar as pessoas como se fossem normais, com atitudes iguais aos outros. Incluir não é tratar o especial como se fosse normal. Incluir é possibilitar que o especial se desenvolva em todas as suas potencialidades oferecendo a ele as necessidades especiais que ele possui.



Inserir a foto 27-2-

E aí vemos mais um empecilho na escola. A tendência da estrutura escolar é nivelar os alunos e aprovar aqueles que pertencem à média desejada.

Para se incluir é necessário inserir no PPP Plano Político Pedagógico da escola um outro tipo de aprovação e avaliação, que possibilite ao portador de deficiências ser medido por seus progressos e seu encaminhar para que ele possa acompanhar sua turma sócio-afetiva de colegas.

Enfim, é necessário que o ensino seja individualizado não para aquele aluno mas para todos os alunos, um ensino em que o ritmo individual de cada um seja respeitado.

Por enquanto responda a estas perguntas sobre cada um de seus três alunos citados. E você leitor se tem algum aluno com necessidades de inclusão, aproveite e responda a estas perguntas também:

<!--[if !supportLists]-->1-      <!--[endif]-->Seu aluno está mais autônomo do que era no mês passado? O que ele aprendeu a fazer sem a ajuda de outrem, ou o que ele aprendeu a obedecer sem a necessidade de um vigia? (conquistando sua autonomia)

<!--[if !supportLists]-->2-      <!--[endif]-->Seu aluno neste último mês de aula está mais confiante em si mesmo?

<!--[if !supportLists]-->3-      <!--[endif]-->Seu aluno apresenta progressos cognitivos em relação à comunicação? Raciocínio Matemático? (Pergunte em relação a cada um dos conteúdos desenvolvidos na série).

Peço que me envie suas reflexões sobre estas respostas acima.
Elypaschoalick – professora com experiências positivas de inclusão desde 1969. 

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